segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Fácil?


Usando uma frase de Scolari... "Serei eu o burro?". É que estou farto de ouvir gente que é paga para pensar e analisar, dizer que o grupo de Portugal tem pela frente na qualificação para o Campeonato do Mundo de 2010 (África do Sul) é acessível!

Pois, até podem dizer que não percebo nada de bola, mas o grupo parece-me bem complicado. Suécia, Dinamarca e Hungria não são nada fáceis (sobretudo fora de casa). Albânia é uma incógnita e só Malta me parece batida à priori. Mas logo se farão as contas...

Uma coisa é certa, se nos deixámos ultrapassar pela Polónia na corrida para o Euro-2008... e estivemos com a Finlândia e Sérvia a morder-nos os calcanhares até ao fim, acho que devíamos falar com cautelas do grupo que teremos pela frente rumo ao Mundial. Mas isto sou eu a falar...


A Pseudo-Decisão


Cenário: Jogos de apuramento para 3º e 4º lugar.

Sintomas de quem joga: Desânimo, tristeza, pouca vontade de jogar, raros momentos de lucidez e união, graves falhas de concentração, indiferença perate o resultado e o público.

Sintomas de quem assiste: Indiferença perante o resultado, sonolência, pena dos artistas, desculpabilização constante dos erros cometidos, pouca vontade para apoiar.

Resultado: O 3º lugar dá o chamado "bronze" que se traduz em honra e numa medalha de cor diferente da que é entregue aos 4ºs classificados, que não saem muito tristes do campo. Ambos olham a final com lágrimas nos olhos e com um sentimento de injustiça.

Por tudo isto, não percebo a razão de continuarem a existir estes jogos... que atravessam quase todas as modalidades desportivas, mas no fundo pouco ou nada interessam.

Ritual


Nunca percebi qual é a vantagem de pedir uma francesinha com o molho aparte. O molho não acaba inevitavelmente no mesmo sítio? Ou será ritual?
Já não é a primeira vez que vejo alguém pedir o molho aparte e despejá-lo logo após a chegada do mesmo à mesa. Será que gostam de ver loiça suja?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Destino

s. m.,

concatenamento supostamente necessário de factos e suas causas;
fim pré-determinado que orienta as acções e os acontecimentos na vida dos homens;
fatalidade;
sina, sorte;
futuro, porvir;
fim, aplicação a que se destina alguma coisa;
lugar onde alguém se dirige ou onde se manda ou se deve entregar alguma coisa;
direcção, rumo;
propósito, tenção.

Regas

Há dias, numa das irritantes paragens forçadas no semáforos da Boavista, enfiaram-me pelo carro dentro um exemplar do jornal Metro. Já que ali estava sobre as minhas pernas, peguei no dito cujo e li a capa enquanto o sinal não descolava do vermelho.

Na capa podia ler-se qualquer coisa como "Temos de o salvar"... ou "Está nas nossas mãos"... bem, já não me lembro bem, mas tinha a ver com a necessidade de cuidarmos do planeta. Uma planeta destruido por nós.
Achei pertinente e educativo. Até pensei que o editorial tivesse sido escrito pelo Hélder Spínola, que nesse dia se fartou de falar em tudo o que era orgão de comunicação social. Depois e já quando o carro obedecia mecanicamente ao verde mostrado pelo semáforo, lembrei-me de uma coisa que há muito me incomoda. Ou melhor, faz-me confusão.
Até porque à minha frente tinha uma rotunda (Boavista) e venho de uma terra que tem mais rotundas do que carros, lembrei-me da quantidade de água que é desperdiçada diariamente pelos sistemas de rega de jardins públicos ou pequenas rotundas que têm mais cimento do que erva.

Quem nunca passou perto de um jardim público (sobretudo à noite) e acabou salpicado ou encharcado por um estúpido sistema de rega que molha mais a estarada do que o jardim? Quem nunca viu as bordas das rotunas com poças de água enormes graças à falta de pontaria dos sistemas de rega? Quem nunca rogou pragas ao dono de um pequeno jardim que para 2 metros quadrados de beleza natural tem o sistema de rega igual ao de um campo de futebol e que serve ainda para regar a estrada e parte da casa também?...

Eu não quero salvar o mundo e, infelizmente, nem me preocupo muito com isso. Mas há coisas que não irritam apenas os amigos do Spínola...

Duelo Ibérico



Não era um amante do futsal. Como diz um colega da comunicação social: "é o desporto que jogas e não o que vês...".

Mas, o ambiente que tem acompanhado a selecção das quinas em Gondomar, bem como, os recordes de audiências que a modalidade tem ajudado a SIC a conquistar mostraram-me o outro lado desta modalidade.
Ter acompanhado o estágio, os primeiros treinos, os primeiros jogos, ter sido recebido pelos responsáveis da FPF da melhor forma sempre que solicitei, leva-me a torcer esta noite por uma equipa que, apesar de parecer pequena perto dos rivais (que se colocam em bicos de pés ao olharem para Portugal), pode voltar a fazer história. Basta arrumar com os espanhóis. E estas estrelas, que não deixam de ser, hoje, tão grandes como as do futebol (apesar de bem mais humildes) merecem!

Lá estarei!

domingo, 11 de novembro de 2007

Liga dos Últimos

A cronista Helena Matos andou a reler os jornais portugueses de 1975 e ficou surpreendida.

Contou-me ela: dessa enormidade que foi a vinda de milhares de portugueses das colónias não há uma só reportagem - "nem uma, acredita" - com pessoas dentro. O terramoto social e histórico adivinha-se nas entrelinhas; de terramotos pessoais, nem cheiro. O repórter - estivesse ele cá, à chegada, tivesse ele ido lá, a Luanda, Lobito ou Lourenço Marques - esqueceu-se da arraia-miúda. Os chefes militares e políticos, esses, eram muito entrevistados. Mas os pobres dos retornados ficaram escondidos por trás dos contentores. Houve uma criança que chegou sem os pais? Não sabemos. O relato da morte presenciada do marido? A chave da casa, à qual nunca se voltará, amarrada ao pulso?... Não sabemos, pelo jornalismo português, não sabemos. Bertold Brecht, então em plena glória, poderia ter inspirado os repórteres, que certamente lhe conheciam estas interrogações: "César venceu os gauleses./ Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?" ou "Quem construiu Tebas, a das Sete Portas?/ Nos livros vem o nome dos reis/ Mas foram os reis que transportaram as pedras?"

Porém, os jornalistas liam Brecht pela cartilha instrumentalizada (isto é, liam Brecht como ele queria ser lido): o cozinheiro de César ou os pedreiros de Tebas ainda vá que não vá, porque ilustravam o discurso do momento, o "povo unido", etc. e tal. Mas porque perder tempo com os retornados, se eles estavam ao arrepio da História?Se nem nesses tempos de tanta gente com destino trágico o jornalismo português se dignificou a baixar ao povo, o que dizer de hoje, em dias de modorra?

As pessoas comuns só têm direito a notícia por o azar lhes bater à porta. Ou se, num esforço, elas se tornarem muito canalhas. O próprio do jornalismo é falar de situações extraordinárias.É? Pois então devo ser cliente esquisito. Já o disse uma vez e volto a dizer, porque quem me fascina tem de levar com a minha admiração: o programa Liga dos Últimos, na RTP N, é - entre tudo o que os jornais, rádios e televisões me dão - o lugar onde mais e melhor vejo gente. Definição de gente: pegue-se em José Castelo Branco, é o contrário. Na Liga dos Últimos vi ontem a D. Alice, há 50 anos guarda do campo do Ermesinde, de cuja cama, enquadrada por naperons, posso ver uma baliza. Basta levantar a persiana (empurrando com os dedos, porque a correia não funciona).

E, logo a seguir, ando à procura do cobrador das quotas do Fanhões. Farto dos sócios que não pagam, o sr. Valdemar foi para a Costa de Caparica, deixando o clube desesperado. Todas as semanas, a Liga dos Últimos conta-me histórias destas e mostra-me gente. Dá-me a ideia de que tenho um país à volta.

Ferreira Fernandes

in Diário de Notícias (11 Novembro de 2007)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Confusão

do Lat. confusione

s. f.,
acção ou efeito de confundir;
estado do que se acha confundido, misturado, indistinto;
falta de ordem ou método;
incapacidade de discernir e de reconhecer diferenças;
desordem;
miscelânea;
embaraço, enleio, perturbação;
vergonha, pejo;
tumulto;
revolta;
perplexidade;
falta de clareza.

Med.,

- mental: estado psicopatológico caracterizado por alteração da clareza de consciência com perturbação da atenção, percepção, do curso do pensar, baixa de eficiência mental, má orientação no tempo e no espaço.