sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Regas

Há dias, numa das irritantes paragens forçadas no semáforos da Boavista, enfiaram-me pelo carro dentro um exemplar do jornal Metro. Já que ali estava sobre as minhas pernas, peguei no dito cujo e li a capa enquanto o sinal não descolava do vermelho.

Na capa podia ler-se qualquer coisa como "Temos de o salvar"... ou "Está nas nossas mãos"... bem, já não me lembro bem, mas tinha a ver com a necessidade de cuidarmos do planeta. Uma planeta destruido por nós.
Achei pertinente e educativo. Até pensei que o editorial tivesse sido escrito pelo Hélder Spínola, que nesse dia se fartou de falar em tudo o que era orgão de comunicação social. Depois e já quando o carro obedecia mecanicamente ao verde mostrado pelo semáforo, lembrei-me de uma coisa que há muito me incomoda. Ou melhor, faz-me confusão.
Até porque à minha frente tinha uma rotunda (Boavista) e venho de uma terra que tem mais rotundas do que carros, lembrei-me da quantidade de água que é desperdiçada diariamente pelos sistemas de rega de jardins públicos ou pequenas rotundas que têm mais cimento do que erva.

Quem nunca passou perto de um jardim público (sobretudo à noite) e acabou salpicado ou encharcado por um estúpido sistema de rega que molha mais a estarada do que o jardim? Quem nunca viu as bordas das rotunas com poças de água enormes graças à falta de pontaria dos sistemas de rega? Quem nunca rogou pragas ao dono de um pequeno jardim que para 2 metros quadrados de beleza natural tem o sistema de rega igual ao de um campo de futebol e que serve ainda para regar a estrada e parte da casa também?...

Eu não quero salvar o mundo e, infelizmente, nem me preocupo muito com isso. Mas há coisas que não irritam apenas os amigos do Spínola...