Já nada me surpreende neste país. Mas, há coisas que continuam a deixar-me com vontade de apanhar o primeiro avião para... algures.
Na segunda sessão do Julgamento de Avelino Ferreira Torres, o ex-autarca foi recebido por centenas de populares. Apesar de estarmos numa quarta feira à tarde (supostamente dia de trabalho) as mesmas não deixaram de aplaudir Avelino e forçar a entrada na sala de audiência.
Um circo de tal dimensão que não dispensa o palhaço-mor. O arguido. Entra na sala, com uma gravata com bandeiras dos Estados Unidos. Diz que "é o Bush", ri-se e goza com os próprios advogados.
Na sessão anterior tinha faltado ao respeito ao colectivo de juizes e ao Procurador. Por isso, começou por pedir desculpa num tom que não deixou de ser ironico.
Impediu (aos berros) repórteres fotograficos de lhe tirarem fotos de frente. Mandou umas piadas para o povo. Gozou com a testemunha chave no processo e desmentiu-a quando esta comprovou o essencial da tese do MP.
Quando saiu foi de novo aplaudido. Podemos estar perante alguem que durante anos se serviu de um testa de ferro para comprar terrenos posteriormente valorizados com a alteração do PDM, mas as pessoas não querem saber. Acham piada. Sobretudo quando Avelino Ferreira Torres começa a insultar jornalistas.
Cansado de perguntas dificeis (Porque é que terá emprestado dinheiro a titulo pessoal a alguem que nem lhe era proximo, por exemplo) desatou a insultar. O povo olha com orgulho do antigo presidente, a multidão começa a insultar também, os jornalistas começam a ficar pequenos no meio do aperto, a situação não está fácil... Avelino sabe que joga em casa e grita na cara de um colega de trabalho. Insulta-o!
"Faça-me uma entrevista! Eu digo-lhe tudo sobre José Faria, mas tem de publicar! Faça-o se tem tomates. Diga a esta gente que tem tomates caralho. Diga! Não tem... você e essa sua amiga", grita Avelino.
Incompreensivelmente alguns colegas mantêm os microfones apontados a este senhor, as cameras continuam ligadas... o povo exulta. Eu, apenas lamento.