RIVOCIRCO I
Quatro oradores, mais de 20 garrafas de água consumidas entre eles; cerca de cem pessoas a assistir, transformadas em pouco mais do que vinte com o passar das horas... quatro horas e meia de “debate”. Em cima da mesa o papel de um Teatro Municipal ou a definição de serviço público!
Dados relativos a um debate promovido pelo “Juntos no Rivoli” na sequência da entrega a privados da gestão do teatro Municipal da invicta. Muito se falou durante tanto tempo de debate. Todavia, não obstante as excelentes intervenções dos primeiros intervenientes, veio o lavar da roupa suja, veio a politização do tema... A certa altura disparava-se em todos os sentidos, sendo mais importante encontrar o adjectivo mais original para ofender Rui Rio do que debater com clareza e objectividade o que estava em cima da mesa.
Uma coisa é certa, não querendo justificar o injustificável, e por isso não comento a postura de Rui Rio em todo o processo do Rivoli ou a sua política cultural, há uma questão que me parece óbvia: ninguém consegue objectivamente definir o papel de um Teatro Municipal; muitos tentaram mas ninguém consegue balizar a responsabilidade do serviço público; no fundo ninguém se entende... a tal ponto que, com estranheza, desde o primeiro momento vi a Plateia, representada ao mais alto nível nos protestos no Rivoli. Ora, para quem não sabe, a Plateia tem uma proposta de gestão em cima da mesa. Diziam no debate que apareceu por questões políticas... não entendo! Até porque vai contra tudo o que está inscrito nas faixas de luta dos barricados e amigos dos barricados... no fundo a proposta da Plateia também não serve o serviço público mediante o caderno de encargos que apresenta, por isso não devia existir, ainda para mais construído por quem tão fortemente tem defendido o contrário.
Curiosa a forma como Augusto Seabra tratou Rui Rio. O crítico entende que toda a estrutura do seu executivo foi pensada ao pormenor, sendo que, a existência de um vereador da Cultura que pouco percebe do assunto, faz parte do plano de asfixia de Rio ao sector.
Por fim nota negativa para Miguel Von Hafe, vereador socialista. Na hora de politizar o debate falou em cansaço da oposição... e de desilusão! Com cara de quem já não tem forças para continuar. Rio adoraria ter visto aquele cenário. Assim como gostaria de ter visto Paulo Brandão, do Teatro Municipal de Braga, falar com propriedade da eficácia da gestão privada de um espaço quando bem feita! Não é impossível – disse ele. Quase “levava na boca”... Coitado. Mas defendeu de forma corajosa a sua ideia e nunca teve medo de ignorar as vozes de “culturo-políticos”, que procuraram desviar para canto a razão de ser do debate.
Resumindo: quatro horas e meia de debate, muitos temas levantados, poucas conclusões, homens da cultura cansados, Rui Rio fresco que nem uma alface para mais um dia de... asfixia!
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