terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ficar só

Perder um filho, um irmão, um pai, uma mãe, um tio, um primo, um cunhado, um sobrinho, um sogro... é duro. Acredito que seja, sobretudo perder um filho. Com a noção do que podem ser esses sentimentos, mas com a sensatez necesária para entender que não são momentos nem sentimentos que se possam prever ou tentar balizar, quero neste post deixar outra questão.
Outro pensamento... por força das circunstâncias.

Perder a pessoa com quem casamos e decidimos viver para sempre. Como será? Como será a dor de ficar privado de alguém com quem se partilhou a alegria, a tristeza, as dúvidas, as discussões, os problemas, aqueles promenores que nunca ninguém ousou conhecer, aqueles defeitos que apenas existem para dar corpo à existência a dois, os filhos, as crises dos filhos, os dias dificeis no trabalho, as dúvidas, as aventuras, as lágrimas, as crenças, as críticas, as convicções, as certezas, as paixões, as birras, a cama, o beijo, o abraço, as escolhas, os passeios, a vida!

Pensei nisto por breves instantes, por força das circunstâncias. Como será? Sobretudo para as pessoas que casaram nas 2 gerações anteriores à minha e foram suficientemente fortes para segurarem a barra e evitarem o divórcio que hoje é apenas mais um passo (demasiado banal) na vida de um casal. As pessoas que vivem uma vida INTEIRA, sem traições (materializadas), sem pensar que um dia podem olhar para o lado e deixarem a pessoa que escolheram para viver. Deve ser duro. Uma dureza diferente da que será perder um filho, por exemplo. Não são coisas comparáveis, mas acredito que perder a pessoa que se ama deva ser uma dor também insopurtável. Daí que se diga muitas vezes que... a morte do marido/mulher foi como colocar-lhe um pé na cova. Muitos idosos não aguentam esta perda que acontece quando ambos já estão em idade avançada. A solidão mata. Atrofia. Dói. Basta parar para pensar como será.